Como ir a Cordilheira dos Andes de carro?

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A Cordilheira dos Andes é uma cadeia montanhosa com 8 mil quilômetros de extensão e sua altitude média é de 4 mil metros. O ponto mais alto é o Pico do Aconcágua, que fica na Argentina, perto de Mendonza, com pouco mais de 6 mil metros de altitude. Esta cordilheira faz parte da lista de lugares que eu via no mapa quando criança, com aquele relevo que mais parecia acentos circunflexos, e eu ficava imaginando como seria tudo aquilo ao vivo.

Felizmente o grande dia chegou, e na nossa viagem conseguimos ter noção da grandiosidade do lugar, do frio que faz mesmo sendo 1 semana antes de começar o verão, e da beleza do cânion cheio de condores com 3 metros de envergadura nos hipnotizando com seus voos maravilhosos no topo da montanha.

Com o desejo de conhecer a Cordilheira dos Andes, fomos ao Valle Nevado, a estação de esqui mais famosa perto de Santiago, mas como fomos no final da primavera, as estações estavam fechadas, mantendo em funcionamento apenas os teleféricos.

Antes de irmos a Santiago pesquisei qual a melhor maneira de subir a cordilheira e preferi resolver isso apenas em Santiago. É frequente, nas viagens, descobrirmos coisas interessantes in loco, então resolvi não me precipitar.

(Clique aqui e veja nossa viagem a Valparaíso e Viña del Mar)

Quando chegamos a Santiago, pegamos alguns panfletos sobre vários passeios para ir ao Valle Nevado. Em geral, se você optar por passear com agência de turismo o preço pode variar entre 25.000 e 30.000 pesos chilenos, algo em torno de R$110 ou U$50 por pessoa. O serviço inclui pegar e deixar o hóspede no hotel.

Eu também descobri que algumas vans saem do Mall Sport e cobram menos que 20 mil pesos, neste caso, você precisa ir até o shopping, que fica na saída de Santiago na rota para a cordilheira. Os horários das vans são constantes. Como não me interessei por este serviço, não pesquisei os horários, é bom se informar.

Decidimos alugar o carro porque nosso voo era na madrugada do outro dia. Queríamos ter a liberdade de fazer do nosso jeito, no nosso ritmo, por isso, concluímos que a melhor opção seria alugar um carro. Um dia antes de subirmos a montanha, pesquisamos nos sites de aluguel de carro de Santiago e optamos pela Europcar.

Apesar do site, fizemos a reserva por telefone para tirarmos algumas dúvidas, como a aceitação da habilitação brasileira, por exemplo. Resolvemos pegar o carro na loja da Providencia e devolvê-lo no aeroporto.

Caso queira fazer como nós, veja se a loja onde você vai alugar o carro também tem loja no aeroporto e qual o horário de funcionamento. Algumas empresas não têm, mas mandam um funcionário lá para receber o carro. Entretanto, isso não é de graça, mas dependendo do preço do aluguel, pode compensar.

Saímos do hotel as 8h (checkout), fomos à locadora de carro e pegamos o carro. A loja fica no bairro Providencia, Rua Francisco Bilbao 1439, uns 5Km de onde estávamos hospedados. Foi tranquilo. Chegamos, mostramos os documentos, a funcionária tirou umas cópias, assinei os papéis e recebemos o carro. Optamos pela categoria mais barata e nos deram um Suzuki tão compacto quanto um Uno Mile. Por sorte, estava faltando a tampa da mala do carro e trocaram por um Peugeot 208 completinho, sem cobranças adicionais. A versão chilena deste carro é melhor que a do Brasil, a troca foi ótima! 🙂

(Leia nosso post “Como ir à vinícola Concha y Toro por conta própria”)

Nossa subida/descida

Muito tranquilas. Nas curvas, a preferência de passagem é de quem está subindo, e apesar de nem sempre termos a visão se há carro descendo/subindo, quando dá pra ver, quem está descendo sempre espera o outro carro subir. Em algumas curvas cruzamos com caminhões e uma das vezes precisamos dar marcha-ré para que o caminhão conseguisse o espaço necessário para realizar a curva, mas sempre tranquilo, sem medo ou perigo.

Sobre a estrada

Quando você sair do Bairro Providencia, vai seguir direto pela Autopista Costanera Norte, depois segue pela Las Condes e mais à frente inicia os dois maiores percursos da rota:

1º trecho: É o mais longo, feito pela Estrada a Farellones, uns 40km de estrada muito boa, parece ter sido recapeada recentemente, chegamos a cruzar com máquinas na pista, porém é mão dupla e sem acostamento. Para quem vai dirigindo, é preciso muita cautela, são umas 50 curvas em forma de “U” e uma velocidade de uns 20 ou 30km/h, em alguns trechos chegamos à super velocidade de 40km/h. 🙂
Não se distraia com a paisagem, para isso, existem alguns mirantes. Se tirar o olho da pista pode ter sérios problemas. As curvas são numeradas, se não me engano são 34, porém as primeiras da subida não são, o que me leva a crer que chega a umas 50 curvas neste primeiro trecho.

2º trecho: Quando acaba a subida para Farellones, inicia o Camino a Valle Nevado, são mais 14km com 18 curvas, sendo estas bem menos difíceis que as do trecho anterior. A estrada é mais larga, porém encontramos alguns buracos, que não atrapalharam a viagem, mas que mais uma vez alerto, fique atento! Tentar desviar de um buraco às margens de um precipício é mais fácil quando estamos a 20km/h, então não banque o Fernando Alonzo. Aliás, se você é do tipo que gosta de acelerar na estrada e não tem muito cuidado ao volante, saiba que você é um grande candidato a cair no abismo, neste caso sugerimos você ir com um serviço contratado.

Valores:
Diária: CPL30.830
GPS: CPL6.990
Seguro: CPL7.735
Uso de Televia: CPL5.400
TOTAL: CPL50.995 (em torno de R$225 ou U$85)

O que é “televia”?

No Chile há os pedágios que conhecemos, com guichês para pagamento, filas, cancelas etc. Em Santiago, porém, este sistema foi todo automatizado, e estes “pedágios tradicionais” foram substituídos por “portais eletrônicos” espalhados pelas autopistas, que fazem a cobrança com o carro em movimento, permitindo um fluxo constante de veículos, sem que ninguém perca tempo parando para pagar pedágio. Os carros usam uma TAG para este “passe-livre”, e foi esta TAG que alugamos para não termos problemas com os radares da autopista Costanera Norte, que margeia Santiago, e que segue tanto para o acesso ao Valle Nevado, quanto para o aeroporto.

Pegamos o carro com o tanque cheio e deveríamos tê-lo devolvido da mesma forma, mas não o fizemos e tivemos que, além do valor do aluguel, pagar a gasolina. Eles cobraram em torno de CPL1.200/litro, e desembolsamos mais CPL17.850 (em torno de R$68 ou U$30). Sendo assim, o valor total, aluguel mais combustível, foi de CPL68.805 (uns R$300 ou U$112).

(Saiba como foi nossa experiência no Restaurante Giratório em Santiago)

A viagem valeu muito a pena, e aos que estão com medo de subir as mais de 50 curvas fechadas, principalmente aos que vão dirigindo, deixe este medo de lado e conheça um dos lugares mais lindos que já estivemos.

Para concluir, vou deixar mais umas informações:

O Valle Nevado é perto de Santiago, em torno de 60Km saindo do bairro Providencia, onde fica o Shopping Costanera Center;

A habilitação brasileira é aceita no Chile;

Apesar de perto, devido às curvas, a viagem dura em torno de 2 horas, incluindo paradas em alguns mirantes;

A temperatura em Santiago estava em torno de 28 graus Celsius, e no Valle Nevado por volta dos 2 graus Celsius. Por não ter neve não é necessário usar roupa impermeável, porém meias com composição de lã e acrílico são bem vindas. As meias de algodão não aquecem e muitas vezes até ficam geladas deixando os pés dormentes. Sugerimos também uso de cachecol e luvas.

Quando chegamos lá em cima mudamos o casaco para um mais quente, calçamos as meias adequadas e colocamos os cachecóis. Proteger as extremidades do corpo é muito importante pra evitar hipotermia;
Não tivemos problemas respiratórios devido a altitude e ao ar rarefeito;

O touch do celular parou de funcionar quando chegamos ao Valle Nevado. Geralmente os manuais dos aparelhos eletrônicos alertam sobre a temperatura mínima e máxima que eles funcionam, e a baixa temperatura deve ter influenciado, pois quando voltamos a Santiago ela funcionou normalmente;
Dê preferência para subir a montanha durante a semana, o tráfego é menor; no final de semana a estrada é exclusiva para subida durante a manhã e para descida à tarde;

Caso esteja indo no inverno, é necessário colocar correntes nos pneus do carro, o que não foi o caso desta viagem. Acredito que para subir uma montanha cheia de neve seja necessário experiência ou um nível altíssimo de autoconfiança + gosto por adrenalina + loucura mesmo. 😉

Sobre experiência ao volante, sugiro que o motorista seja acostumado a dirigir na estrada. Mesmo não sendo um nível hard de dificuldade, é quase isso, exige habilidade e segurança. A repetição de curvas fechadas pode ser cansativa para algumas pessoas.

Aproveite sua viagem, as dicas que foram dadas e se já foi à Cordilheira dos Andes, nos conte sua experiência, vamos adorar! 😉

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